terça-feira, 17 de março de 2009

PATATIVA DO ASSARÉ NA VISÃO DE ELISETE MARIA BIANCHESSI BATISTA



Elisete Maria Bianchessi Batista é pedagoga e especilista em Alfabetização e Letrameto. Voluntária num grupo de terceira de idade durante 7 anos no Distrito de Bugre, em Balsa Nova, Batista viu no trabalho social uma oportunidade de retomar seus estudos e dedicar-se à pesquisa e produção de biografia de vários professores de escolas situadas em áreas isoladas, atividade que a impulsiona também atualmente. Elisete mora no Bugre, "um pedacinho do céu na terra", como ela mesma define.
Ingressou na Oficina Literária no início de 2009 com o anseio de aprender ainda mais e enfrentar novos desafios, além de "fazer amigos, distribuir sorrisos, apertos de mãos, enfim, abrir o
coração."
É possível dizer que foi um início primoroso. Na última quarta-feira, 11 de março de 2009, Elisete presenteou os colegas com o resultado de mais uma bela pesquisa, desta vez, acerca do grande poeta Patativa do Assaré.


Autodidata, leitor dos grandes mestres da Literatura Universal, Patativa decidiu dedicar-se à sua grande paixão: fazer versos. Poeta nato, canta as belezas da sua terra natal, o Ceará, e permanece fiel às raízes quando na criação de repentes dos mais diversos. Filho de agricultores, criado na roça, começa a "poetar" aos cinco anos. Seus versos são repletos de força na denúncia das injustiças sociais, tão recorrentes em nosso país.



Cabra da Peste nos revela um poeta, não inculto, como muitos o chamaram, mas imune à cegueira social que corrompe o homem:
"Eu sou de uma terra que o povo padece
Mas não esmorece e procura vencer.
Da terra querida, que a linda cabocla
De riso na boca zomba no sofrê
Não nego meu sangue, não nego meu nome
Olho pra fome, pergunto: que há?
Eu sou brasileiro, filho do Nordeste,
Sou cabra da peste, sou do Ceará."
Por trás da falsa simplicidade das palavras se esconde uma reflexão intensa e profunda acerca das mazelas que enfrenta o Brasil, país onde os pobres são direta ou indiretamente afetados pela injustiça.
Patativa, um homem de visão ampla, apesar de padecer de um "mal d'olhos", como ele mesmo costumava falar, critica a fome, a falta de terra, o excesso de poder nas mãos de uma minoria privilegiada, e até mesmo a mediocridade na televisão.
Os versos de A Triste Partida tornaram-se música na voz de Luiz Gonzaga, a príncipio, um pouco a contra gosto do poeta, mas depois com seu total consentimento:
"Meu Deus, meu Deus
Setembro passou
Outubro e Novembro
Já tamo em Dezembro
Meu Deus, que é de nós,
meu Deus, meu Deus
Assim fala o pobre
Do seco Nordeste
Com medo da peste
Da fome feroz
Ai, ai, ai, ai"
[...]
Entre suas principais obras estão Inspiração Nordestina (2003), Ispinho e Fulô (2005), Aqui tem Coisa (2004) e Biblioteca de Cordel: Patativa do Assaré (Org. Sylvie Debs).
Patativa do Assaré faleceu em oito de julho de 2002.

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